Segundo o DSM-5 (Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), a discalculia é considerada uma Perturbação da Aprendizagem Específica, com défice na matemática, caraterizada por uma significativa dificuldade no conceito de número, na memorização de factos numéricos, na fluência e precisão do cálculo e, na precisão do raciocínio lógico.
Tal como a dislexia, é uma perturbação neurológica com forte componente genética.
Apesar de haver várias diferenças nas definições de discalculia, em todas elas aparecem estas três vertentes: dificuldades na matemática, a especificidade das dificuldades e a sua origem numa provável disfunção cerebral. Durante as tarefas de cálculo, são ativados os circuitos neurais localizados, predominantemente, nos lóbulos parietais.
Nas crianças com discalculia, esta ativação é menor.
Esta dificuldade afeta as habilidades relacionadas com a matemática, mas não é o resultado de um défice cognitivo, de défices visuais ou auditivos, nem de baixa estimulação escolar.
Segundo a British Dyslexia Association, a discalculia afeta 3% a 6% da população, afetando de igual modo, ambos os sexos.
Crianças com discalculia revelam um ritmo de trabalho muito lento, usando, com frequência, os dedos para contar. São ansiosas, desmotivadas e têm receio de fracassar, consequência do menosprezo ou repressão por parte dos colegas de turma, professores e/ou pais/familiares.
Uma criança com discalculia apresenta dificuldades a vários níveis (Rebelo, 1998a; Vieira, 2004 cit. por Silva, 2008a; Filho, 2007; Sacramento, 2008; Cruz, 2009; A.P.P.D.A.E., 2011a e Geary, 2011):
(podem compreender “4+2=6”, mas incapazes de resolver exercícios como: “A Joana tem quatro bonecas e a Mafalda tem duas; quantas bonecas têm no total?”);
Estas dificuldades podem conduzir, em casos extremos, a uma aversão à matemática.
Os sinais de alerta, que podem apontar para a possível presença de discalculia, encontram-se de acordo com o grupo etário:
Estes sinais não podem ser considerados isoladamente, sendo essencial enquadrá-los no contexto pessoal, escolar e familiar da criança.
A matemática constitui uma das áreas mais importantes do currículo escolar, tanto pela sua contribuição na formação integral da pessoa, como pelo seu nível de aplicação prática nas situações e problemas do quotidiano. Muitos alunos, à medida que avançam na sua
aprendizagem, aumentam a sua insegurança e o sentimento de fracasso, pelo facto de a matemática apresentar um alto grau de abstração. Hoje em dia, as crianças são confrontadas, cada vez mais cedo, com a ideia de que a matemática é difícil, pelo que resistem mais ao seu estudo.
Encontramos dois subgrupos de dislexia, que apresentam dificuldades em matemática. Por um lado, temos aqueles que compreendem os conceitos, mas são incapazes de representá-los no papel, isto é, eles sabem que processo ou operação usar, mas não conseguem fazê-lo com precisão; por exemplo, compreendem uma situação problema,
sabem até que operações deveriam fazer, mas não conseguem “traduzi-las” na escrita. Por outro lado, temos aqueles que têm pouca ou nenhuma ideia por que é que são aqueles os números ou símbolos a serem usados. Essas crianças não compreendem os conceitos
subentendidos em matemática.
Os resultados das pesquisas em dislexia e discalculia variam consideravelmente e, uma estimativa conservadora, baseada em estudos iniciais (Joffe, 1981), sugeria que quase 60% dos disléxicos têm alguma dificuldade em matemática. No entanto, 11% são excelentes em matemática e 29% têm um bom desempenho.
Apesar da discalculia ser frequentemente associada com a dislexia, esta deve ser considerada um problema de aprendizagem independente e tratado como tal.
A utilização de jogos no processo de aprendizagem da matemática, recorrendo ao cálculo mental, é um recurso que deve levar a criança a desenvolver a capacidade de pensar, criar hipóteses, averiguar, inquirir, concentrar-se, organizar-se e envolver-se.
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