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Consciência Fonológica, relação entre linguagem oral e escrita

A consciência fonológica é o conhecimento que cada um de nós tem sobre os sons da língua materna, ou seja, é uma competência que permite identificar, manipular, combinar, isolar, segmentar e refletir sobre os sons da fala. Por outras palavras, é a capacidade de perceber que a linguagem é formada por palavras, as palavras por sílabas e, consequentemente, as sílabas por fonemas (sons). É o preditor mais robusto do (in)sucesso na fase inicial da aprendizagem.

Para quem não é especialista, nesta área, é importante possuir alguns conhecimentos sobre a consciência fonológica, facilitadora na aquisição futura da leitura. 

Seguem, então, algumas definições: 

Fonema: é a mais pequena unidade sonora da linguagem oral – É o som correspondente a uma letra. 

Exemplo: à letra f corresponde o som ffff 

Sílaba: é uma fusão de fonemas, que se separam naturalmente, quando pronunciamos uma palavra. 

Exemplo: tu-li-pa 

Grafema: é a transcrição de um fonema para o grafema. 

Exemplo: Um único fonema [a] corresponde, por exemplo, a vários grafemas: há, ah, à, á. 

Pseudopalavra: é uma palavra sem significado. 

Exemplo: patritor 

É até aos 3 anos de idade que as crianças desenvolvem a capacidade de discriminação auditiva, ou seja, a capacidade de distinguir os diferentes sons do ambiente e da fala. É a partir dessa idade que as crianças começam a ser capazes de fazerem jogos de rimas, de produzirem palavras novas ou inventadas, de dividirem e juntarem sílabas. É neste momento que se começa a aceder à capacidade da consciência fonológica ou consciência dos sons da fala. 

Antes que as crianças possam ter qualquer compreensão do princípio alfabético, devem entender que, aqueles sons que se associam às letras são, precisamente, os mesmos sons da fala. Para aqueles que já sabem ler e escrever, esta compreensão parece básica, quase automática. No entanto, pesquisas revelam que a noção de linguagem falada é composta de sequências desses pequenos sons, não surgindo de forma natural ou fácil nos seres humanos. 

Divide-se, assim, a consciência fonológica. em dois níveis muito complexos: a consciência silábica e a consciência fonémica, sendo esta a ordem de trabalho durante a aquisição da leitura e escrita. 

 

Há vários níveis de consciência fonológica: 

 – Noção de palavra (capacidade de segmentar a frase em palavras, organizá-las e dar-lhes sentido); 

Noção de rima (capacidade de identificar rimas); 

Aliteração (capacidade de identificar ou repetir a sílaba ou fonema no início da palavra); 

Consciência silábica (capacidade de segmentar palavras em sílabas, tendo a criança de identificar e discriminar as sílabas); 

Consciência fonémica (capacidade de manipular e isolar os fonemas que compõem a palavra). 

Na criança, o seu sucesso depende de alguns fatores, tais como o desenvolvimento cognitivo e intelectual, a sua exposição a experiências linguísticas e métodos de aprendizagem da leitura e da escrita. 

Nem sempre a consciência fonológica se processa da mesma forma em todas as crianças mas, geralmente, segue os seguintes passos: 

1 aos 3 Meses: a criança consegue detetar o som da voz materna; 

3 aos 6 Meses: a criança orienta a cabeça em direção de uma fonte sonora; 

9 aos 13 Meses: a criança começa a perceber que o processo de produção de fala consiste numa sequência de sons da voz humana, tentando imitar o adulto. É, neste período, que a criança começa a dizer as primeiras palavras; 

30 aos 36 Meses: a criança distingue todos os sons da sua língua, faz autocorreções aquando da produção do seu discurso, percebendo o encadeamento sonoro correto; 

3 aos 4 Anos: a criança divide palavras simples em sílabas. Identifica rimas; 

5 Anos: a criança identifica sons em palavras; 

6 Anos: a criança adquiriu as capacidades anteriores mas apresenta lacunas na consciência fonémica (capacidade adquirida que consiste na manipulação e substituição de unidades sonoras, que constituem as palavras), uma vez que ainda não iniciou o processo de aprendizagem da leitura e da escrita. 

A partir dos 6 anos (após entrada no 1º ciclo): domina todos os níveis da consciência fonológica. 

No entanto, nem todas as crianças têm a oportunidade de adquirir e desenvolver estas competências, ocorrendo lacunas significativas que poderão passar despercebidas ao nível do pré-escolar, sendo identificadas, tardiamente, aquando do ingresso no 1º ciclo de escolaridade. 

Podem, também, emergir as perturbações ao nível da leitura e da escrita, que assumem repercussões a variados níveis, nomeadamente no sucesso académico, na motivação pela realização das tarefas escolares e das aprendizagens académicas, na socialização e na aceitação dos pares. 

O desenvolvimento da consciência fonológica encontra-se intimamente relacionado com a aprendizagem da leitura e da escrita, pelo que se salienta a importância de promover estas competências, até à entrada no 1º ciclo. Esta será a forma de prevenir dificuldades futuras no processo de aprendizagem da associação grafema-fonema (leitura) e fonema-grafema (escrita) (Sim-Sim, 1998). 

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Brincar com os sons

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